quarta-feira, 18 de junho de 2008

CHE GUEVARA: MENSAGEM DE ANIVERSÁRIO

Em 14 de junho Che Guevara completaria 80 anos! Sua militância entre nós terminou aos 39. Nem por isso conseguiram matá-lo. Hoje, está mais vivo do que nas quatro décadas de existência real. Aliás, são raros os revolucionários que, como Mao, e o próprio Fidel, envelhecem. Muitos derramaram cedo o sangue capaz de adubar o projeto de um mundo de liberdade, justiça e paz: Jesus, com 33 anos; Martí, 42; Sandino, 38; Zapata, 39; Farabundo Martí, 38; só para citar uns poucos exemplos.
O inimigo deve arrancar os cabelos ao constatar que, hoje, Che se encontra mais presente do que à época em que ele acreditava ter o poder de assassinar ideais. Tentaram de tudo para condená-lo ao olvido: retalharam-no o corpo e esconderam seus membros em diferentes lugares; inventaram a seu respeito toda sorte de mentiras; proibiram que sua literatura circulasse em muitos países. Fênix teimosa, Che revive em fotos, músicas, espetáculos teatrais, filmes, poemas, romances, esculturas e textos acadêmicos. Até uma cerveja batizaram com seu nome! No mais sofisticado Spa do Brasil, o Unique Garden, a estampa do seu rosto, segundo a famosa foto de Korda, ocupa o centro do salão de convívio.
Ao constatar que algemas não aprisionam símbolos nem balas matam exemplos, inventaram falsas biografias para tentar difamá-lo. Em vão. Até em jogos de futebol torcidas erguem cartazes com o seu rosto. E vejam que não se gasta um centavo para essa propagação de sua imagem. E ela só tem importância por refletir ideais que fizeram dele um revolucionário. Nada disso é fruto de marketing. São gestos espontâneos de quem faz questão de enfatizar que a utopia permanece viva.
Hoje, reassumir o legado de Che e celebrar seus 80 anos nos exige manter o coração e os olhos voltados à preocupante situação do nosso planeta, onde impera a hegemonia do neoliberalismo. Multidões, sobretudo jovens, são atraídas ao individualismo, e não ao espírito comunitário; à competitividade, e não à solidariedade; à ambição desmedida, e não à luta em prol da erradicação da miséria.
Fala-se tanto do fracasso do socialismo no Leste europeu, e quase nunca do fracasso inelutável do capitalismo para 2/3 da humanidade, das 4 bilhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza.
Angustia-nos também a degradação ambiental. Se os líderes do mundo tivessem dado ouvidos ao que alertou Fidel na Eco-92, no Rio de Janeiro, talvez a devastação não tivesse chegado ao extremo de provocar freqüentes tsunamis, tornados, tufões e furacões jamais vistos, sem falar do aquecimento global, do degelo das calotas polares e da desertificação das florestas. O desmatamento da Amazônia é alarmante.
O barril de petróleo, que custa menos de US$ 10 na boca do poço, já custa mais de US$ 120 no mercado. É triste constatar que grandes áreas de lavoura alimentícia são reservadas para a produção de etanol destinado a nutrir os 800 milhões de veículos automotores em movimento no dorso do planeta, e não as 824 milhões de bocas famintas ameaçadas pela morte precoce. Diante desse mundo em que a especulação financeira suplantou a produção de bens e serviços, e no qual a Bolsa de Valores serve de termômetro da suposta felicidade humana, o que fazer?
Bolívar deve estar feliz com a primavera democrática na América do Sul. Após os ciclos de ditaduras militares e governos neoliberais, agora o povo elege governos que rejeitam a Alca, aprovam a Alba e reforçam o Mercosul, e repudiam a invasão do Iraque e o bloqueio de Cuba por parte do governo dos EUA.
Qual a melhor maneira de comemorar os 80 anos do Che? Creio que o melhor presente seria ver as novas gerações acreditarem e lutarem por um outro mundo possível, onde a solidariedade seja hábito, não virtude; a prática da justiça uma exigência ética; e o socialismo, o nome político do amor. Construir um mundo sem degradação ambiental, fome e desigualdade social!
Às vésperas do 50º aniversário da Revolução Cubana, todos devemos encará-la, sempre mais, não como um fato do passado, e sim como um projeto de futuro.

*Frei Betto é escritor, autor de “Fidel e a Religião” (Ocean Press) e “ A mosca azul” (Rocco), entre outros livros
recebi por e-mail em 18/06/2008

Militarização da fé

Os símbolos falam mais que muitas palavras. Carregada de peso simbólico, a cruz é utilizada por diferentes religiões desde os tempos mais antigos. Aos cristãos, lembra sofrimento e morte. Por outro lado, aponta para a ressurreição. A espada é uma arma de guerra que também se transformou em símbolo. Os judeus costumavam usar a cruz como recurso de pena máxima. Jesus sofreu essa condenação. Os romanos, por sua vez, privilegiavam a espada. Paulo, o discípulo do crucificado, foi assim decapitado.
Na história do cristianismo, cruz e espada estiveram juntas em diversas ocasiões, produzindo resultados trágicos. As Cruzadas Medievais, por exemplo, ocorridas entre 1096 e 1271, foram expedições militarizadas organizadas pelo papado com o objetivo de combater os inimigos do cristianismo e libertar a Terra Santa do domínio muçulmano. Os adeptos das Cruzadas eram identificados com uma cruz vermelha estampada em suas vestes. Na Guerra Santa, muito sangue foi derramado.
No período da colonização do Brasil, o Império trouxe os jesuítas, que se encarregaram de apresentar a cruz cristã aos povos indígenas. Os colonizadores subjugaram os nativos, utilizando o poder político (coroa), o poder religioso (cruz) e o poder militar (espada). O extermínio de indígenas, a exploração e a expropriação de recursos naturais foram incontáveis. Nesse contexto de conquista nasceu a cidade de São Paulo em 1554, juntamente com a implantação da Igreja católica. Em junho de 1908 foi instaurada a Arquidiocese.
Para registrar um século de história, a Arquidiocese realizou diversas atividades. O encerramento das comemorações deu-se com uma celebração solene dia 08 de junho no estádio do Pacaembu. Cerca de 30 mil pessoas compareceram ao evento. A Igreja na metrópole é constituída por múltiplas comunidades, pastorais, organismos, movimentos, grupos, etc. Contudo, isso praticamente não foi considerado.
O grande destaque da celebração ficou por conta dos Arautos do Evangelho, numa clássica demonstração das tendências conservadoras que emergem cada vez mais fortes. Cerca de 8 mil Arautos (homens e mulheres de todas as idades) armaram trincheira em volta do campo, no altar e nas arquibancadas. Posicionaram- se estrategicamente em todo o estádio, de modo que não era possível fotografar o povo durante toda a cerimônia sem que aparecessem.
Os Arautos do Evangelho são uma associação religiosa privada, dissidente da TFP (Tradição, Família e Propriedade) , autorizada pelo papa João Paulo II em 2002. Estão espalhados em mais de 60 países. Tendo na cintura uma corrente de ferro, identificam- se como "escravos de Jesus através de Maria". Pendente desta corrente está o rosário. Seu hábito é uma túnica branca guarnecida de um escapulário marrom que ostenta uma cruz em forma de espada.
Não por acaso, com esta marca emblemática foram convidados a carregar de forma olímpica a imagem de São Paulo. Com pompa e incenso, o santo – tendo a espada do seu martírio na mão – foi entronizado como patrono da Arquidiocese. Ao mesmo tempo, Santa Ana, mulher quase invisível do Antigo Testamento, até agora patrona da Arquidiocese foi, automaticamente “destronada”. Nem lhe foi concedido ficar ao lado do homem São Paulo para a honra dos altares.
Aquilo que era para ser uma celebração da vida da Igreja – que sempre evangelizou entre luzes e sombras – tornou-se um evento de holofote único, típico da sociedade do espetáculo. A ordem, a disciplina e o formalismo foram ressaltados sob a força do poder simbólico. É lamentável que um ato religioso com o objetivo de fazer memória do centenário tenha acabado por dar tanta visibilidade a um único grupo surgido há apenas 6 anos.
A forte carga triunfalista e ritualista praticamente ignorou todo o trabalho pastoral realizado nas comunidades e paróquias da cidade. As Comunidades Eclesiais de Base, os mártires da caminhada, os grupos de Direitos Humanos, os povos indígenas e afro-descendentes sequer foram mencionados. Muito se exaltou a hierarquia e as autoridades civis e militares. Associando o triunfalismo eclesial com o “militarismo da fé”, reforçou-se um modelo de Igreja piramidal, distante do conceito de Igreja Povo de Deus tão caro ao Concílio Vaticano II. A menção aos pobres, tratados como “pobrezinhos” ficou restrita à coleta para a construção de um templo religioso na Favela de Heliópolis.
Esperávamos uma celebração que contemplasse todas as forças vivas da Igreja; que comemorasse de maneira ampla a histórica caminhada do povo católico; que retratasse as contraditórias realidades desta cidade, onde, mesmo assim, Deus habita. Que revelasse a Igreja inserida na sociedade plural, com vocação e missão profética. Uma Igreja com opção preferencial pelos pobres. Uma Igreja discípula missionária comprometida com a construção de um mundo justo e solidário, sinal do Reino de Deus.
Em última análise, o ato dá sustentação à lógica neoliberal. Como afirmava Marx, hoje vivemos uma "guerra de todos contra todos", caracterizada pelo modo capitalista de produção e pelo individualismo crescente. Do mesmo modo que o sistema assume novas formas e adota novas estratégias, a espada se moderniza e reconfigura. Porém, o saldo é sempre danoso: dominação, exclusão, violência e morte. É preciso reafirmar: nosso inimigo maior são os totalitarismos e fundamentalismos. Esse pensamento único atinge as estruturas sociais, econômicas, culturais, religiosas etc. É perverso, muitas vezes fazendo questão de se legitimar pela via do sagrado.
E os fiéis presentes no Pacaembu? Em geral, rezaram, festejaram, ouviram tudo e comungaram o Corpo e Sangue de Cristo. Foram motivados a vivenciar com renovada esperança o início do segundo centenário. Muitos também saíram frustrados com o modelo eclesial apresentado, uma vez que nem mesmo esteve sintonizado com a mensagem enviada pelo Papa: “Possa esta significativa celebração animar todas as forças vivas desta Igreja local para um marcante protagonismo evangelizador”. Ocorre que a militarização da fé e a privatização religiosa não condizem com o verdadeiro sentido do cristianismo, nem com uma Igreja que deseja viver a comunhão e participação.

Dirceu Benincá, doutorando em Ciências Sociais - PUC/SP.
Jaime Carlos Patias, mestre em Comunicação.
recebi por e-mail em 17/06/2208

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Bento XVI anuncia nomeações para Vitória da Conquista e Frederico Westphalen



O bispo de Afogados da Ingazeira (PE), dom Luiz Gonzaga Silva Pepeu, 51, é o novo arcebispo da arquidiocese de Vitória da Conquista (BA), vacante desde abril do ano passado. O anúncio foi feito nesta quarta-feira, 11, pelo papa Bento XVI que nomeou, também, o novo bispo para a diocese de Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul, vacante desde março de 2006.
Dom Luiz Gonzada, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap), estava na diocese de Afogados da Ingazeira desde outubro de 2001. Tem como lema episcopal o texto do profeta Jeremias “Não temas, estou contigo” (Jr 1,8). Ele é membro efetivo da Comissão Episcopal dos Tribunais Eclesiásticos de Segunda Instância da CNBB e do Conselho Econômico no Regional Nordeste 2 (Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte).


Padre Antônio Carlos
O novo bispo de Frederico Westphalen é natural de São Paulo. Ordenado em junho de 1977, padre Antônio Carlos, 55, cursou filosofia no Seminário Santo Cura d’Ars e Teologia na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo. Exerceu as funções de vigário paroquial no Santuário Nossa Senhora da Penha, em São Paulo; membro nomeado pela CNBB para a Comissão bi lateral Anglicana-Católica Romana e professor no Instituto São Boaventura, na diocese de Santo Amaro.
Atualmente, além de pároco de Santo Antônio do Limão, na Região Episcopal Santana, em São Paulo, padre Carlos é diretor espiritual no Seminário Santo Cura d’Ars da Arquidiocese de São Paulo; professor no Seminário Arquidiocesano Propedêutico e no Instituto Filosófico Aristotélico Tomista dos Arautos do Evangelho.

terça-feira, 10 de junho de 2008

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O governo Yeda Crusius é uma vergonha

O governo Yeda Crusius é uma vergonha para o Estado do Rio Grande do Sul. A inacreditável sucessão de escândalos e denúncias a que o povo gaúcho assiste nos últimos meses revela um governo fraco moral e politicamente.É um governo onde a governadora não fala com o vice-governador.É um governo onde o chefe da Casa Civil tenta comprar a posição do vice-governador.É um governo onde o vice-governador grava uma conversa com o chefe da Casa Civil para denunciá-lo.É um governo onde o chefe da Casa Civil chama o vice de canalha e mau-caráter.É um governo onde aliados da governadora a chamam de sem-vergonha. E nada acontece.É um governo onde secretários de Estado negociam, combinam festas e tomam chopp com acusados de integrar uma quadrilha que roubou mais de R$ 40 milhões dos cofres públicos.É um governo onde os partidos de sustentação da governadora, nas palavras do chefe da Casa Civil, utilizam empresas públicas para financiar campanhas eleitorais e para comprar maioria no Parlamento.É um governo que, diante de graves denúncias de corrupção, com provas materiais eloqüentes, emudece, se esconde e, através de seu patético porta-voz, afirma não existirem fatos relevantes.É um governo onde a governadora foge da imprensa e do povo.É um governo onde a governadora não tem coragem de prestar contas sobre seus atos e de seus aliados, mas tem coragem de fechar escolas, demitir funcionários públicos e mandar a polícia bater em manifestantes.É um governo que privatiza o meio ambiente e hipoteca o futuro.É um governo onde seus aliados e padrinhos (como o inacreditável senador Pedro Simon, que foi incapaz de pronunciar uma palavra sobre todos esses escândalos) não tem mais coragem de defendê-lo e abandonam o navio em número cada vez maior.É um governo cujo modus vivendi é a dissimulação e a covardia.É um governo que chegou ao fim.
Postado por Marco Aurélio Weissheimer

recebi por e-mail em 09/06/2008